O desastre do Mar de Aral
O lago que se transformou em deserto
O mar de Aral é um lago de água salgada, localizado na Ásia Central, banhando o Cazaquistão (norte) e o Uzbequistão (sul).
No início da década de 60, o Aral era o quarto maior lago do mundo, de tal forma que ganhava o nome de “mar”, ainda que fosse apenas um enorme lago de água salgada.
À sua volta, várias cidades floresciam com a indústria da pesca.
No entanto foram necessários apenas 40 anos para que o quarto maior lago do mundo secasse. O que antes eram 60 mil quilómetros quadrados de água, com profundidade de 40 metros em alguns locais, evaporou, restando apenas 10%.
Porquê?
Em 1960, o governo soviético desviou intencionalmente o curso de dois rios que abasteciam o Mar de Aral para plantações de algodão no deserto. O Syr Darya, a partir do norte e o Amu Darya, a partir do sul.
Os soviéticos queriam transformar a Ásia Central na maior região produtora de algodão do mundo.
O impacto não foi sentido imediatamente: o mar começou a descer uma média de 20 cm por ano na década de 60, que passou a 60 cm nos 70, e 90 cm nos anos 80.
Ninguém teve coragem em contestar os planos da União Soviética.
O mar deu lugar a um deserto salino e poluído com enormes volumes de pesticidas e insecticidas das plantações de algodão. A salinidade matou os peixes, e os navios pesqueiros, encalhados, deixaram de ter utilização.
Com o fim da União Soviética a situação não se alterou. Durante os anos 90, enquanto ainda era possível falar em “Mar de Aral”, o governo do Uzbequistão continuou a sua produção de algodão no deserto.
Em 2015, pela primeira vez, a planície do Mar de Aral tornou-se completamente seca, restando apenas uma pequena superfície, conhecida como o Pequeno Aral.
O seu desaparecimento é considerado uma das alterações mais dramáticas feitas na superfície da Terra em séculos.